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Sierra Leone brilha no Whitney e dá passo decisivo rumo à cocheira da Ashford

  • Foto do escritor: Lineage Bloodstock
    Lineage Bloodstock
  • 4 de ago.
  • 7 min de leitura

No último sábado, 2 de agosto, na 98ª edição do Whitney Stakes (G1) em Saratoga, Sierra Leone (Gun Runner) voltou a demonstrar a eficácia de sua arremetida final.

Último colocado nos primeiros mil metros do percurso, Sierra Leone correu relaxado enquanto Contrary Thinking (Into Mischief) assumia o papel de "pacemaker", com parciais exigentes de 23”82 nos 400m e 47”07 nos 800m. Após os primeiros 1.200 metros em 1’11”59, os ponteiros cederam, e o favorito Fierceness (City of Light), forçado a antecipar seu movimento, perdeu ação a 300 metros do espelho. Sierra Leone avançou aberto até a sexta raia, percorreu os últimos 600 metros em 34”40 e parou o cronômetro em 1’48”92 para os 1.800 metros na pista rápida, superando por um corpo Highland Falls (Curlin). A jornada marcou arrecadação recorde de US$ 49.651.341 e concedeu a Chad C. Brown sua primeira vitória no Whitney Stakes, além de garantir vaga direta para a Breeders’ Cup Classic pela Challenge Series “Win & You’re In”.

Criado em Lexington, Kentucky, por Debby e John Oxley, Sierra Leone foi apresentado pela Gainesway no leilão Fasig-Tipton Saratoga Select Yearling Sale de 2022. Seu fenótipo impecável e um pedigree que combinava a linhagem em ascensão de Gun Runner (Candy Ride) com a precocidade da campeã Heavenly Love (Malibu Moon) motivaram uma disputa intensa, sendo arrematado por US$ 2.300.000, valor recorde daquele ano. A oferta vencedora foi feita pela sociedade entre White Birch Farm (Peter Brant) e Michael Vincent Magnier, filho de John Magnier, proprietário da Coolmore. “É um potro magnífico, filho de um garanhão emergente e de uma égua ganhadora de G1 aos dois anos; tudo indicava que seria o cavalo perfeito”, comentou Brian Graves (Gainesway) após o leilão em 2022, antecipando o enorme valor futuro caso o potro vencesse provas clássicas. E, de fato, Sierra Leone justificou esse valor na pista. Desde então, o planejamento de suas conexões tem sido claro: maximizar seu prestígio clássico para torná-lo um sucessor de seu pai na reprodução, em Ashford Stud, Lexington, Kentucky.

Sierra Leone (Gun Runner) vencendo seu terceiro G1 em Saratoga, Saratoga Springs, Nova York.
Sierra Leone (Gun Runner) vencendo seu terceiro G1 em Saratoga, Saratoga Springs, Nova York.

Duas semanas antes do compromisso, Sierra Leone trabalhou 800 metros em 48”80 na pista principal de Saratoga, em Saratoga Springs, Nova York. Chad C. Brown, múltiplo vencedor do Eclipse Award como treinador, destacou que Sierra Leone é, talvez, “o melhor cavalo que já treinei na minha vida”. Apesar de o pupilo não ter vencido em suas três atuações anteriores em Saratoga, Brown nunca duvidou de sua afinidade com a pista: “Olhando os números, nunca me convenci de que ele não gostava desta pista; ele simplesmente ainda não tinha conseguido vencer aqui. Ele vinha enfrentando os melhores, no Travers e no Belmont Stakes, e alguns dos seus melhores números de velocímetro foram justamente em Saratoga”. Com essa convicção, Brown chegou confiante ao Whitney. A atuação confirmou essa leitura: biomecanicamente, o cavalo produziu seu melhor reta final do ano, mostrando que sua atropelada atinge o auge quando expressa seu potencial máximo na pista.

Vídeo da vitória de Sierra Leone (Gun Runner) no Whitney Stakes (G1) de Saratoga.

Desde seus primeiros passos, Sierra Leone (Gun Runner) apresentou uma campanha excepcional, destacando-se por sua consistência contra a elite. Aos dois anos, competiu apenas duas vezes: venceu com facilidade sua estreia e, em seguida, foi segundo colocado atrás do potro Dornoch no Remsen Stakes (G2), em dezembro de 2023, insinuando sua classe precoce. Já na temporada de 2024, aos três anos, nunca terminou fora do marcador em sete apresentações, enfrentando sempre lotes de primeira linha. Seus principais feitos como três anos incluem vitórias no Risen Star (G2) em Fair Grounds, no Blue Grass Stakes (G1) em Keeneland e, como coroação, a conquista da Breeders’ Cup Classic (G1) diante dos melhores adultos.

Entretanto, foi segundo no Kentucky Derby (G1), perdendo por diferença mínima para Mystik Dan (Goldencents), e também vice no Jim Dandy Stakes (G2) em Saratoga, onde enfrentou Fierceness (City of Light) e o vencedor do Preakness Stakes, Seize The Grey (Arrogate). Obteve terceiros lugares em dois clássicos máximos: Belmont Stakes (G1) e Travers Stakes (G1), ambos em Saratoga.

Essa campanha impressionante lhe rendeu o título de Campeão dos 3 anos de 2024 nos Estados Unidos, refletindo seu domínio sobre a geração. Em 2025, agora como quatro anos, Sierra Leone manteve-se competitivo, embora se esperasse mais dele: foi terceiro no New Orleans Classic (G2) e segundo no Stephen Foster (G1), até romper a sequência sem vitórias com o triunfo no Whitney Stakes (G1). Após o Whitney, seu retrospecto vitalício ficou em 12 corridas com 5 vitórias, 4 segundos e 3 terceiros lugares, somando US$ 6.806.200 em prêmios. Vale destacar que jamais terminou fora dos três primeiros em nenhuma de suas apresentações — um testemunho de sua regularidade competitiva em altíssimo nível. Com essa última vitória, tornou-se o maior ganhador em prêmios entre os filhos de Gun Runner (Candy Ride), superando inclusive nomes como Taiba, Gun Pilot, Echo Zulu, Gunite, Early Voting, Il Miracolo, Disarm, Society, Vahva, Cyberknife, entre outros.

Além de seu físico impecável, Sierra Leone possui um pedigree de luxo, que justifica tanto seu alto valor como potro quanto seu desempenho nas pistas. Pelo lado paterno, é filho de Gun Runner (Candy Ride), jovem garanhão da linhagem de Fappiano, por meio de Cryptoclearance → Ride The Rails → Candy Ride, que rapidamente alcançou o topo da criação norte-americana. Gun Runner foi um corredor formidável, vencedor de 6 G1 (incluindo o Whitney Stakes 2017 e a Breeders’ Cup Classic 2017) e consagrado “Cavalo do Ano de 2017” no Eclipse Awards.

Desde sua aposentadoria, Gun Runner transmite sua classe à descendência: em suas primeiras gerações, já produziu mais de 10 ganhadores de G1. É caracterizado por sua velocidade, mas não se limita às distâncias curtas, com vitórias médias em ~1500 metros e potencial comprovado em percursos mais longos. Até o momento, Sierra Leone é seu maior ganhador.

Pelo lado materno, também carrega genética de excelência. Sua mãe, Heavenly Love, é filha de Malibu Moon (A.P. Indy) e provém de uma família clássica. Heavenly Love venceu duas corridas aos dois anos, incluindo o Alcibiades Stakes (G1) em Keeneland, mostrando precocidade e qualidade nos 1700 metros em pista de areia. Descende da égua Darling My Darling (Deputy Minister), que foi placê de G1 e mãe da ganhadora de G2 Forever Darling (Congrats), esta última mãe do MG1W Forever Young (Real Steel), cavalo envolvido no final polêmico do Kentucky Derby 2024. Esses nomes reforçam a eficácia vitoriosa dessa linha materna. Esta vitoriosa família {2-b} descende de Roamin Rachel (Mining), ganhadora de G1 e reprodutora em Kentucky, posteriormente exportada ao Japão, onde foi adquirida por Nobuo Tsunoda por US$ 750.000 para a Shiraoi Farm. No Japão, produziu a campeã Zenno Rob Roy (Sunday Silence), MG1W laureado como “Cavalo do Ano” e “Campeã égua adulta” em 2004.

Heavenly Love (Malibu Moon), mãe de Sierra Leone (Gun Runner), no campo.
Heavenly Love (Malibu Moon), mãe de Sierra Leone (Gun Runner), no campo.

Sierra Leone é o segundo produto da G1W Heavenly Love, que em 2024 produziu uma potranca por Gun Runner, irmã inteira deste fenômeno da Coolmore. A combinação genética de Gun Runner × Heavenly Love reúne algumas das linhas mais influentes do puro-sangue moderno: através de Gun Runner aporta os sangues do avô paterno Candy Ride e do avô materno de Gun Runner, Giant’s Causeway, enquanto por Heavenly Love contribui com a solidez clássica de A.P. Indy (Seattle Slew) e Deputy Minister (Vice Regent). Ou seja, carrega em seu sangue o valioso “nick” Candy Ride – A.P. Indy, que tantos ganhadores produziu na última década; Game Winner, Taiba, Candivo, Ollie’s Candy e Mastery são apenas alguns dos muitos vencedores de blacktype deste cruzamento tão eficaz. Além disso, Gun Runner já conta com o bem-sucedido cruzamento de Candy Ride – Storm Cat, e Locked também é por Gun Runner em uma mãe por Malibu Moon (A.P. Indy).

Não é coincidência que este cruzamento apresente duplicações de Mr. Prospector (Raise A Native) no pedigree de Sierra Leone. Gun Runner, por si só, possui inbreeding 4x4 em Fappiano (Mr. Prospector). Já por parte da mãe, através de Malibu Moon (A.P. Indy) e Mining (Mr. Prospector), Heavenly Love apresenta seu próprio inbreeding no Chef-de-Race de categoria “brilliant” e “classic”, Mr. Prospector, em 3x4. O cruzamento entre o pai e a mãe de Sierra Leone não gera duplicações entre si, mas sim os chamados inbreedings “sireside only” e “damside only”, localizados uma geração acima: Fappiano (Mr. Prospector) aparece em 5Sx5S, e Mr. Prospector em 4Dx5D. Isso lhe confere um patrimônio genético excepcional, com um coeficiente de consanguinidade baixo.

Como afirmou o próprio Michael V. Magnier após vê-lo triunfar: “É um cavalo muito especial; o que ele fez no ano passado foi incrível e hoje ele reafirmou isso. Somos abençoados por tê-lo”. Geneticamente, Sierra Leone já tinha o potencial escrito no sangue. Com um pai líder, uma mãe ganhadora de G1 aos dois anos e um pedigree refinado, não faltaram motivos para ser valorizado em 2,3 milhões de dólares como yearling, e depois transformar esse potencial em vários milhões conquistados nas pistas.

Após sua vitória no Whitney, os planos para Sierra Leone visam consolidar seu legado nas pistas antes de assumir seu futuro papel como garanhão. O treinador Chad Brown indicou que considera inscrevê-lo na Jockey Club Gold Cup (G1) no próximo 31 de agosto, em Saratoga, outra prova “Win and You’re In” para a Breeders’ Cup, “já que o cavalo não correu muito este ano e está em excelente forma”. Brown não esconde sua confiança: “Não tenho receio de correr com ele novamente; se ele sair bem dessa, teremos tempo suficiente até a Breeders’”, afirmou, sugerindo que Sierra Leone poderá buscar uma nova vitória de G1 no verão. O grande objetivo da temporada será, sem dúvidas, a Breeders’ Cup Classic (G1), no sábado, 1º de novembro, em Del Mar, onde Sierra Leone tentará uma façanha histórica: vencer a Classic pelo segundo ano consecutivo. Feito que, até hoje, apenas um cavalo conseguiu realizar: o lendário Tiznow (Cees Tizzy), vencedor das edições de 2000 e 2001 da Classic.

Repetir esse “double-event” colocaria Sierra Leone em um pedestal reservado apenas aos grandes campeões modernos. Pensando além das pistas, a Coolmore adquiriu Sierra Leone ainda como yearling com o objetivo de transformá-lo em garanhão de seu plantel em Ashford, Lexington, Kentucky, ao fim de sua campanha. Todas as decisões em sua carreira têm sido cuidadosamente calculadas para valorizar seu futuro como reprodutor: competir nos maiores palcos, demonstrar resistência dos 2 aos 4 anos, vencer clássicos prestigiados em diferentes distâncias e pistas. Indiscutivelmente, estão conseguindo. Com vitórias na Breeders’ Cup Classic e agora no Whitney — prova que, simbolicamente, seu pai Gun Runner (Candy Ride) também havia vencido oito anos antes, a caminho do título de Cavalo do Ano — Sierra Leone construiu um palmarés ideal para um futuro garanhão. Seu pedigree oferece sangue novo e desejável, vía Candy Ride, combinado com linhas clássicas de eficácia comprovada, tornando-o extremamente atraente para criadores do mundo todo. É previsível que, após a Breeders’ Cup deste ano, Sierra Leone se aposente para iniciar sua nova vida na coudelaria da Ashford pela Coolmore. Com sua forte genética e o respaldo de uma operação internacional multimilionária, projeta-se como um dos garanhões jovens mais promissores no horizonte da criação global.

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